As crianças, em todo o país, deverão ter acesso desde o 1º ano do ensino fundamental a conteúdos de português, matemática, estatística e probabilidade. É o que diz a nova versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que tem meta de alfabetização antecipada de um ano. O documento é referência para o que deve ser ensinado em todas as escolas públicas do país – públicas e privadas
Segundo a medida, apresentada em seis de abril, pelo Ministério da Educação (MEC), até o 2º ano do ensino fundamental, geralmente aos 7 anos, os estudantes deverão ser capazes de ler e escrever. Além disso, aprenderão conteúdos de estatística e probabilidade, que até então, não existiam nos papéis prévios da base.
Até o final do segundo ano, saberão, por exemplo, coletar, classificar e representar dados em tabelas simples e em gráficos de colunas, além de classificar eventos cotidianos como pouco ou muito prováveis, improváveis e impossíveis. A proposta anterior seguia as atuais diretrizes curriculares nacionais e a meta do PNE, que falava em dar foco à alfabetização das crianças até o 3 ano do ensino fundamental. Na prática, a ênfase passa dos oito para os sete anos.
"Aprender estatística desde cedo é muito importe porque desenvolve a habilidade e o hábito de organizar dados, analisá-los e tomar uma decisão consciente dos riscos envolvidos. O raciocínio, ou pensamento estatístico, permeia nossa vida inteira. As crianças também vivem pequenos dilemas diários e é bom que saibam pensar a respeito: a garotinha precisa escolher apenas um brinquedo – boneca ou blocos de montar? Suco de laranja ou uva? No dia a dia, estamos o tempo todo tomando decisões, das mais simples como, por exemplo, ‘qual o tipo de roupa que vou usar hoje: está frio? Calor? Será que vai chover?’, até os mais complexos, como ‘compro uma casa agora, ou melhor acumular um pouco mais de verba?’, ou ainda ‘analisando os dados que o médico me deu, faço a cirurgia agora, ou melhor esperar um pouco mais?’”, explica Dóris Fontes, Presidente do CONRE-3.
A previsão do MEC é que o modelo, que definirá até 60% do conteúdo a ser ministrado na educação infantil e Ensino Fundamental, chegue aos materiais didáticos e salas de aula em 2019. Esse é um dos últimos passos para que a base passe a vigorar no país. Após análise, o Conselho Nacional de Educação (CNE) vai elaborar um parecer e um projeto de resolução e a BNCC volta para o MEC para homologação. Só depois passa a vigorar oficialmente.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece os direitos, os conhecimentos, as competências e os objetivos de aprendizagem para todas as crianças e adolescentes brasileiros desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Ela está prevista na Constituição Brasileira, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e no Plano Nacional de Educação (PNE). É um documento normativo, uma política do Estado brasileiro.
As crianças e o CONRE-3 – Falar sobre a importância da estatística é um dos objetivos da Comissão de Educação e Aperfeiçoamento do Conselho Regional de Estatística da 3ª Região (CONRE-3). Chamado de Tenda Estatística, o programa é sucesso em diversas regiões do país. Com uma programação dirigida à interação com a comunidade, pessoas de todas as idades podem participar das brincadeiras que ensinam noções básicas de estatística e acabam com o medo da matemática. Em todos os encontros o resultado é sempre o mesmo: interesse pela descoberta da carreira, que segue no ranking dos melhores salários e com diversas vagas no mercado de trabalho.
Além da Tenda, para ensinar professores a trabalhar a Estatística de modo efetivo no ensino fundamental e médio, com apoio do CONRE-3, a Professora Dra. Lisbeth K. Cordani promove o programa “Estatística para Todos”. As oficinas apresentam atividades que podem ser realizadas em sala de aula a partir de tópicos que incluem probabilidade, estimação e análise de dados
O CONRE-3 também mantém uma página direcionada à Educação Estatística, com materiais e notícias para docentes e interessados. Para conhecer: https://www.conre3.org.br/portal/educacao-estatistica/
“Saber analisar dados dá ao cidadão capacidade para entender – ou buscar entender – a conjuntura para se situar, refletir e decidir", finaliza Dóris.