Especialista acrdeita que investir em formação científica e no Jornalismo de Dados pode melhorar a qualidade da disseminação dos conteúdos públicos

Toda proposta de política pública precisa ser validada no plano real, com base em estudos de impacto regulatório rigorosos. Para tomar decisões de forma transparente, é importante que os agentes envolvidos estejam munidos de informações públicas de qualidade. Nesse sentido, a promoção e a disponibilização de dados abertos são ações imprescindíveis para permitir melhorias na sociedade., bem como a presença de um estatístico neste processo.

Thiago Ávila - Foto

“Precisamos intensificar o debate qualificado na sociedade de que toda a nossa sócioeconomia já está orientada a dados. As ´crises´ orientadas a dados já estão acontecendo, vide o episódio do Facebook e a Cambridge Analytica(https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/03/facebook-e-cambridge-analytica-sete-fatos-que-voce-precisa-saber.ghtml). A questão consiste no que as instituições estão atuando para governar este ecossistema de Dados”, conta Thiago Ávila, Consultor e Pesquisador nas áreas de Governo Aberto, Dados Abertos, Transparência e Acesso à Informação.

O Brasil possui ponto positivo quando o assunto é acesso livre a dados. É possível citar dados.gov e portais da transparência. Mas, para Ávila, a situação é preocupante, pois mais de 80% desta oferta de abertos vêm de origem Federal.

“Esta concentração de Dados Abertos na Esfera Federal aponta que, apesar da relevância e do histórico de produção de informações e estatísticas em nível subnacional, praticamente não há engajamento de Estados e Municípios com a pauta moderna (e é determinada pela Lei de Acesso à Informação), que são os Dados Abertos”, explica.

Para ele,  medidas como uma política Nacional de Dados Abertos associada a uma estratégia de Transformação Digital (como proposto pelo Governo Federal no Decreto 9319/2018); incorporação dos Dados Abertos na formação técnica e científica nas instituições de ensino;  formação da imprensa em Jornalismo de Dados; evolução das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística e outras instituições de pesquisa para uso de Dados Abertos em seus processos produtivos, e ainda, envolvimento de empresas para utilizarem estes dados como subsídios aos seus negócios seriam boas estratégias “Todos esses pontos já acontecem no Brasil e no mundo, obviamente, com velocidade e intensidade diferente de acordo com a localidade”, diz.

E falar em análise de dados remete à importância de um estatístico neste processo, o que Ávila defende por sua importância. “Não há política pública sem estatística. Vou mais além: não há setor produtivo qualificado sem estatística e não há produção científica de qualidade sem estatística. A estatística nos permite gerar, com métodos confiáveis e reprodutíveis, informações e indicadores de alta relevância para a tomada de decisão, tanto no setor público quanto privado. Por exemplo, o Produto Interno Bruto, que mede a variação real e nominal da economia de países e localidades, é um indicador sintético de alta complexidade, calculado no Brasil pelo IBGE e o Sistema de Contas Nacionais e Regionais. Este indicador é calculado a partir de dezenas de fontes de dados primários nos setores agropecuário, industrial e de serviços, além dos impostos. Observamos que em nível local e internacional, a estatística pública é desafiada a não apenas olhar para o retrovisor, mas especialmente iluminar o caminho para onde a sociedade deverá caminhar nos próximos meses e anos”, diz.

Sobre Thiago Ávila – Atua como Gestor Público há 15 anos, nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Produção da Informação e do Conhecimento, tendo desempenhado funções na Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio de Alagoas (SEPLAG/AL), Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico de Alagoas (SEPLANDE/AL), Instituto de Tecnologia em Informática e Informação do Estado de Alagoas (ITEC/AL) e Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (DETRAN/AL).

Sobre a estatística – A Estatística foi considerada a melhor carreira de 2017, segundo ranking anual do CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos, com salário médio anual de US$ 80,110. Em 2016, ficou em segundo lugar. No Brasil não é diferente. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2013, entre 48 carreiras de nível superior, a estatística é a que apresenta a segunda melhor remuneração média no país, só perde para os médicos. Foi chamada de Profissão “Sexy” pela Revista Harvard Business Review e tem mais vagas de emprego do que profissionais formados. Foi regulamentada no Brasil pela Lei Federal Nº 4.739 de 1965.

Sobre o CONRE-3 – Conselho Regional de Estatística da 3ª Região (CONRE-3), com sede no município de São Paulo, abrange os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foi constituído pelo Conselho Federal de Estatística (CONFE), em 1968. O órgão, entre suas atribuições, é responsável por zelar pelos interesses da profissão, além de fiscalizar e zelar pela ética profissional.

Dados em Políticas Públicas mostram a importância da estatística para a transformação social