Melhorias para o ensino de estatística a alunos que não cursam estatística serão discutidas no CONE 2018

Embora a investigação científica dos fenômenos seja fundamental para todas as áreas do conhecimento, a disciplina de Estatística, ministrada a alunos de outros cursos de graduação, muitas vezes, é considerada difícil e menos importante para a maioria dos discentes.

Isso acontece porque, na maioria das instituições, o conteúdo segue o modelo do que é ensinado aos estatísticos e demais alunos da área de exatas. Para o Professor Edson Martinez, livre-docente do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), antes de tudo, é preciso pensar nos objetivos da disciplina.

edson“A disciplina não serve para formar estatísticos em curto prazo, ela serve para trazer aos profissionais de outras áreas um conhecimento fundamental da estatística para sua formação profissional, dentro do curso que ele está matriculado. Por exemplo, um bacharel em estatística deve necessariamente saber derivar uma função de verossimilhança e daí obter estimadores para os parâmetros de interesse, mas este conhecimento teria pouca importância para um profissional da saúde que não vai trabalhar em pesquisa. Por isso, devemos saber selecionar dentre os conteúdos da estatística o que é necessário ensinar para os alunos de outras áreas, pensando sempre no uso que eles farão destas ferramentas”, explica.

Martinez, que ministra disciplinas de estatística básica para os cursos de graduação da área da saúde, como Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional e para diversos cursos de pós-graduação, também na área da saúde, acredita que o maior obstáculo para o entendimento da estatística não é necessariamente a forma que a estatística é ensinada, mas a percepção da estatística como ramo da matemática.

Na opinião do docente, isso afasta a estatística de seus cotidianos e a consequente crença de que só as pessoas com talentos matemáticos vão fazer compreensões adequadas durante a disciplina pode gerar ansiedade e bloqueios para seu entendimento

“Acredito que é importante iniciar sempre as disciplinas de estatística falando do método científico e da sua contribuição no desenvolvimento e prática de um pensamento ordenado para a resolução de problemas. Uma vez motivados sobre a importância do método científico, os alunos estarão aptos a compreender que a estatística não deve ser vista como um ramo da matemática, mas como um componente vivo e ativo do desenvolvimento da pesquisa, presente em todas as suas etapas. Poderão então entender que o conhecimento da estatística os tornarão capazes de planejar melhor uma pesquisa e de compreender mais profundamente os resultados de um artigo científico publicado em uma revista de sua área. Essa sensação de autonomia proporcionada pelo conhecimento é motivadora para a compreensão do conteúdo das aulas seguintes, que nunca deverão desvincular cada assunto do método científico. Cada tema deve ser ministrado com ênfase em sua utilidade, interpretação e alcance dos resultados, usos adequados e inadequados, sempre com um exemplo motivador com dados reais da área dos alunos, respeitando as especificidades dos cursos de cada turma”, ensina.

O Professor Edson também estará entre os convidados do Congresso de Estatística 2018. (CONE). Ele fará parte da Mesa redonda com o tema: “Melhorias para o ensino de estatística em disciplinas de serviço”.

A conversa com Martinez acontece no dia 09 de junho. O evento acontece no Auditório do CRECI-SP, em São Paulo. Informações e inscrições: https://www.conre3.org.br/portal/congresso-de-estatistica-acontece-em-junho-de-2018-em-sao-paulo-2/

 

Estatística na área da saúde: Professor Edson Martinez aposta em conteúdo teórico e na construção de paralelos entre a estatística e o método científico para motivar alunos