Espaço permitiu troca de conhecimentos e discussões sobre as principais tendências do mercado
Com o tema “Causalidade e sua Correlação com a Estatística”, o CONRE-3 (Conselho Regional de Estatística da 3ª região) realizou, em 24 de novembro, o XIV Encontro Estatístico. O assunto, que tem gerado polêmica na atualidade, foi o ponto de partida para uma série de discussões sob ângulos diferentes.
A causalidade ganhou popularidade em 2018 por conta do novo livro “The Book of Why”, de Judea Pearl, cientista da computação e filósofo, mas também é um tema de muito interesse para estatísticos e que divide opiniões entre os maiores especialistas.
“No mundo do Big Data e de modelos estatísticos voltados para predição, pode parecer que estudar o processo gerador das coisas que observamos está fora de moda. Mas a teoria moderna de causalidade mostra diversos casos onde é imprescindível pensar mais profundamente sobre isso. Em outras palavras, o trabalho de compreensão e modelagem do problema – que é o maior diferencial do estatístico – está super em alta!”, explica Julio Trecenti, Presidente do CONRE-3.
Dóris Fontes, vice-presidente do CONRE-3, também reconhece a necessidade da descoberta das relações que existem entre os dados observados para tentar estabelecer se existe a relação de causa e efeito.
“A aparente correlação entre duas informações não implica que haja uma relação de causalidade entre elas e é aí, justamente, que se deve tomar muito cuidado. As análises estatísticas devem levar em conta fatores de confusão, ou buscar fatores escondidos que possam explicar com mais propriedade o que está acontecendo. É um tema difícil, mas de grande importância”, afirma.
A abertura do evento foi feita por Adriana Silva, Analytics Director na Kantar divisão Insight´s, conselheira do CONRE-3 e presidente da CED – Comissão de Eventos e Divulgação.
A primeira palestra foi proferida por Julio Trecenti, Presidente do CONRE-3. Com o tema: “Data are Dumb: paradoxos estatísticos explicados pela causalidade” Trecenti mostrou como o pensamento crítico e o bom senso ainda são essenciais para tomar boas decisões, mesmo na era do Big Data.
As diferenças entre causalidade e previsão foram abordadas por Guilherme Jardim, editor de dados da Jota. Ele explorou o significado de causalidade e como ela se difere de predição em contextos de statistical learning. O profissional apresentou as principais ideias por trás dos grafos causais, o que significa predizer o resultado de intervenções e como fundamentar a ideia de causalidade em relação a dados observacionais.
Por fim, Nathalia Demétrio, conselheira do CONRE-3 e consultora de marketing da VIVO, falou sobre o tema: “Planejamento de Experimentos Ágeis: a contemporização da causalidade”. A profissional explicou que a estatística tem uma vasta cartilha de abordagens e o caminho para conclusões causais é restrito e custoso. Qualquer variação que não esteja mapeada pode inviabilizar as deduções de causa e efeito. Mas, e quando as mudanças são parte do evento estudado? Ou a administração dos estímulos está além do nosso controle? Nesta apresentação, Nathalia contextualizou os cenários, tendo o paradigma das metodologias ágeis tanto como amplificador do problema quanto como fonte de solução.
“Todos enfatizaram a importância de análises cuidadosas na tentativa de estabelecer causa-efeito, formular previsões ou contextualizar informações sumarizadas. É uma área fascinante e controversa”, revela Dóris Fontes.
As apresentações aconteceram na Kantar Insights, empresa voltada principalmente aos jornalistas, onde são disponibilizados dados, estatísticas, gráficos, infográficos e comentários de especialistas, que podem ser utilizados pela imprensa.
Para Trecenti, o encontro cumpriu seu objetivo. “O evento serviu para tirar os estatísticos da zona de conforto, em dois sentidos. Primeiro, mostramos que existem muitas coisas legais sobre o tema da causalidade, que até hoje foram pouco exploradas por nossos profissionais. Além disso, o evento serviu para unir ainda mais nossos profissionais e aumentar a interação do conselho regional de estatística com a sociedade”, finaliza.
Acesse os materiais:
Data are Dumb – Julio Trecenti
Causalidade e Estatística – Guilherme Jardim
Planejamento de Experimentos Ágeis – Nathalia Demétrio
Confira como foi a programação
PROGRAMAÇÃO |
Das 8h30 às 13h00 |
08h30 – 09h00 |
Recepção |
09h00 – 09h15 |
Abertura – Adriana Silva |
09h15 – 10h00 |
Palestra 1 – DATA ARE DUMB: paradoxos estatísticos explicados pela causalidade – Júlio Trecenti |
10h00 – 10h45 |
Palestra 2 – Causalidade x previsão: quais as diferenças? – Guilherme Duarte Resumo: O que é causalidade? Como ela se difere de predição em contextos de statistical learning? Nesta fala, veremos as principais ideias por trás dos grafos causais , o que significa predizer o resultado de intervenções, e como fundamentar a ideia de causalidade em relação a dados observacionais.
Quem é Guilherme Jardim Duarte: editor de dados da Jota, é doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo. Dedica-se à análise de dados e à Ciência Política. Integrou a primeira iniciativa de Jornalismo de Dados do Brasil, o Estadão Dados. Participou da investigação "Panama Papers", reportagem organizada por um consórcio internacional de jornalistas, que venceu, entre outros prêmios, o Prêmio Pulitzer e o Data Journalism Awards. Também participa de projetos de ciência de dados, e dá cursos de R, modelos preditivos e Jornalismo de Dados. |
10h45 – 11h15 |
Coffeebreak |
11h15 – 12h00 |
Palestra 3 – Planejamento de Experimentos Ágeis: a contemporização da causalidade |
12h00 – 12h45 |
Debate sobre Causalidade e Correlação |
12h45 – 13h00 |
Encerramento – sorteio de brindes |
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Sobre o evento – O Encontro, direcionado a estudantes, profissionais da área e demais interessados, foi organizado pelo Conselho Regional de Estatística da 3ª Região – CONRE-3, responsável pelos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Sobre a estatística – A Estatística segue entre as carreiras mais promissoras. Foi listada pelo Fórum Econômico Mundial como uma das mais relevantes para o mercado até 2020. Foi considerada a melhor carreira de 2017, segundo ranking anual do CareerCast.com, site norte-americano especializado em empregos, com salário médio anual de US$ 80,110. Em 2016, ficou em segundo lugar. No Brasil não é diferente. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2013, entre 48 carreiras de nível superior, a estatística é a que apresenta a segunda melhor remuneração média no país, só perde para os médicos. Foi chamada de Profissão “Sexy” pela Revista Harvard Business Review e tem mais vagas de emprego do que profissionais formados. Foi regulamentada no Brasil pela Lei Federal Nº 4.739 de 1965.
Sobre o CONRE-3 – O Conselho Regional de Estatística da 3ª Região (CONRE-3), com sede no município de São Paulo, abrange os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foi constituído pelo Conselho Federal de Estatística (CONFE), em 1968. O órgão, entre suas atribuições, é responsável por zelar pelos interesses da profissão, além de fiscalizar e zelar pela ética profissional.