Conversamos com quem entende do assunto. Ter visão de negócios e adquirir conhecimento além da graduação estão entre os diferenciais

As oportunidades de vagas para atuar em análises de dados, seja para insights em predição ou previsão, buscar fraudes ou alavancar negócios aumentam em todas as áreas. E em tempos de pandemia e crises econômicas, a maré continua ótima para os Estatísticos. É bem verdade que a área tem absorvido engenheiros e cientistas da computação. Mas isso se dá pela falta de Estatísticos graduados e qualificados. E, nessa realidade, como conseguir uma vaga?

Uma das empresas que abrem diversas oportunidades é a ClearSale. Líder em soluções antifraude em diversos segmentos, a companhia cresceu ainda mais neste tempo de pandemia, já que a utilização de meios digitais aumentou bastante nesse período. Com o isolamento social e o fechamento temporário das lojas físicas, houve aumento nas compras on-line, impulsionando o crescimento do e-commerce. A chegada de novos consumidores também gerou oportunidades para novas contratações.

Entre as características marcantes da ClearSale estão a presença de profissionais capacitados e a valorização da diversidade na equipe. Portanto, se você deseja estar neste time, acompanhe as dicas. Quem revela o que é preciso para conseguir uma vaga, da produção do currículo à contratação, é Alexandre Nogueira, Analista de Seleção Sênior da ClearSale.

 

Não espere só pela graduação

Ainda na graduação ou mesmo com o diploma nas mãos, alguns formandos reclamam da falta de oportunidades ou das dificuldades em conseguir uma entrevista de emprego. Nogueira relata que muitos não aproveitaram o que a graduação proporcionou. Mais do que estudar as matérias e ser aprovado nas avaliações, é preciso se aprofundar no conhecimento.

“Participar de grupos de estudo, projetos paralelos, cursos diversos e atividades extracurriculares são bons exemplos de quem aproveitou o bacharelado. É bom até para saber em qual área o aluno pretende trabalhar para não chegar despreparado ao mercado de trabalho, pois terá uma visão melhor do que deseja fazer. Percebo profissionais que, pela falta de participação em atividades além da graduação, não sabem para onde direcionar a formação. Mesmo com mestrado e doutorado, o formado, muitas vezes, não sabe como aproveitar seu conhecimento para trabalhar em uma empresa”, explica.

Assim, serão apreciados os conhecimentos que o aluno possui adquiridos fora da sala de aula. “Chama a minha atenção a participação do candidato em grupos de estudo, eventos, fóruns, exercícios online. O Kaggle (plataforma para competições de Data Science) é excelente para conhecer e aplicar a visão de negócios a um problema real. Isso você não tem na faculdade, é preciso autonomia, proatividade, resiliência e organização. Hoje, não há desculpa para o candidato não ter se aprimorado um pouco mais”, revela.

 

Inglês, linguagem de programação, pós-graduação

O domínio do inglês não é requisito obrigatório no caso da ClearSale, mas, na área de Estatística, é essencial ter o mínimo de conhecimento para um bom desempenho. Materiais bibliográficos, comunicações entre as comunidades e a linguagem de programação estão em inglês.

Já a linguagem de programação é importante, mas, segundo Alexandre se o candidato tiver conjunto técnico e visão de negócios é possível desenvolver o iniciante. “A ClearSale tem um programa muito forte de preparação para ensinar linguagem de programação, mas é preciso chegar com boa visão de negócio e capacidade técnica. Hoje, existem diversos cursos no mercado, muitos deles são gratuitos, mas é preciso ter engajamento e disposição”, ressalta.

E sobre o que é melhor para complementar a formação entre o stricto sensu (mestrado e doutorado) ou um MBA, Alexandre revela que todos os cursos são importantes, desde que o aluno aproveite o conhecimento e procure formas alternativas para o que o programa não vai suprir. “O mestrado, por exemplo, é de ambiente acadêmico, então, será preciso se aperfeiçoar em cursos que apresentem visão de negócios para estar alinhado à visão técnica desenvolvida no stricto sensu”, ensina.

 

Escrevendo o currículo

Vale lembrar que erros de português no currículo causam má impressão. Alexandre alerta que não há desculpas para os erros. “Fazer revisão é fundamental, tanto para erros quanto para a informação contida no arquivo. Já recebi currículos sem telefone e e-mail do candidato. Dessa forma, como entrar em contato? Uma dica: faça parte do LinkedIn”, alerta.

 

Na hora da entrevista

E se você conseguiu ser selecionado, saiba que será observado desde o início do encontro. É importante chegar em uma entrevista com o máximo de informações sobre o lugar que você quer trabalhar. Leia informações do site da companhia ou nas notícias pela internet, por exemplo. Isso demonstra interesse e faz com que a conversa seja melhor. A pesquisa também permite saber se os valores da empresa se alinham aos seus.

 “Pergunto como o candidato chegou até a ClearSale o que ele conhece da empresa. Assim, eu consigo entender quais foram os esforços pessoais e o que ele sabe sobre a empresa que escolheu para trabalhar. Não procuramos candidatos que apenas desejam trabalhar com dados, insatisfeitos em seus locais de trabalho e que querem desesperadamente qualquer outro lugar. Para estar aqui é preciso desejar estar conosco, porque se encantou com a possibilidade do que pode desenvolver. A internet está aí para oferecer todas as informações necessárias”, conta Alexandre.

Sobre qual vestimenta usar, lembre-se que deve ser condizente com o ambiente de uma entrevista. Cuidado com roupas muito informais como camiseta regata, por exemplo. A motivação é vista nos detalhes. Postura corporal, expressões faciais, erros de português e gírias durante a conversa também são observados, portanto, prepare-se! E falando em comunicação, é importante saber lidar com o cliente e pessoas de outras áreas. Para isso, quem conseguir explicar a linguagem técnica de maneira simples ganha pontos a mais.

“O profissional precisa saber sobre técnica, visão de negócio e programação, mas vai interagir com outros profissionais e quem consegue fazer isso bem pode garantir um diferencial. A troca permite ao técnico crescer muito mais e isso envolve um bom relacionamento interpessoal. Conversar com pessoas de outras áreas permite entender melhor onde cada peça da engrenagem da empresa se encaixa. Por exemplo: como a área de Marketing conversa com o Comercial? Como a área de Produtos conversa com o Marketing? Qual meu papel e impacto que posso causar enquanto atuante em analytics nas áreas de produtos ou TI? Quebrar a barreira da timidez melhora aspectos pessoais e profissionais. Qualquer pessoa que queira prosperar, precisa interagir”, ensina. É o famoso networking.

E esse networking não está só no escritório. Alexandre alerta que é possível fazer contatos durante os cursos e em reuniões que não são apenas as de trabalho. Estão incluídos aí rodas de conversa em almoços, cafés e confraternizações.

Pedimos ao Alexandre mais uma dica e ele ressaltou a coragem. “Não tenham medo da competição, de perder espaço para profissionais de outras áreas. Há muita demanda e poucos profissionais para preenchê-la. Há espaço de sobra para trabalhar, ainda mais com o digital muito mais em evidência. O que falta são pessoas qualificadas que possam ir além do básico de análise para se aprofundar na parte de negócios e programação. Aproveite as oportunidades para adquirir conhecimento”, ensina.

 

Entre humanas e exatas

A história de Alexandre é um grande exemplo para quem se sente inseguro e se mistura aos  seus conselhos. Durante o curso técnico em Processamento de Dados, ele fazia parte de um grupo evangélico. Já havia ali a habilidade para enxergar possibilidades diante dos problemas. Por sua timidez, era um bom ouvinte, e isso o fazia ser procurado pelas pessoas. “Eu me interessei em ter mais capacitação com respaldo profissional para ajudar as pessoas, por isso, fui estudar Psicologia, mas precisei quebrar essa barreira, pois, eu também deveria me desenvolver”.

Durante as aulas na Universidade Presbiteriana Mackenzie, além das disciplinas, ele buscou conhecimento pelo estágio, conversou com pessoas da área, buscou novas leituras. Esteve disposto a aprender com quem tinha a experiência de que ele precisava.

Caiu de paraquedas no setor de Recursos Humanos. Foi apenas acompanhar uma colega em uma entrevista para estágio. Acabou participando do processo e contratado. Seus conhecimentos em tecnologia e inglês o ajudaram a sair da área de digitação de currículos ao banco de dados e passar a atuar no auxílio ao sistema da empresa, treinamento e suporte à área de TI.

E quando caiu no campo dos dados, foi necessário ampliar o repertório, afinal, para encontrar os melhores profissionais, é preciso saber o que eles fazem. Humildade para perguntar foi fundamental para saber sobre Data Science, analytics, linguagem de programação e estrutura de dados, bem como o diferencial da ClearSale.

“Saí de uma área e empresa onde me sentia muito confortável e estável. Precisei me adaptar. Recebi muito apoio e acolhimento de minha liderança, mas quando percebi o nível de complexidade, senti medo do nível de desafio. No entanto, já não dava para voltar. O jeito foi assumir a responsabilidade a fim de reconhecer minhas competências e limitações”, revela.

 

E se eu quiser mudar?

Alexandre explica que nunca é tarde para rever seu momento profissional e mudar de carreira. “Não é porque fez uma graduação que a pessoa deve ficar apenas nessa área de formação. As conquistas também precisam ser pessoais. Se é o que você deseja, estude e busque seus objetivos. Você deve se questionar e redescobrir um novo rumo profissional. Gostar do que faz é essencial para garantir os melhores resultados”, finaliza.

 

Para saber mais:

ClearSale

Kaggle

Histórias motivadoras de profissionais da Estatística

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