Congresso de Estatística acontece em São Paulo – CONRE-3 | Conselho Regional de Estatística 3ª Região

Com foco no mercado de trabalho, apresentações mostraram principais tendências e como os profissionais podem aprimorar seus conhecimentos

Nos dias 08 e 09 de junho, a cidade de São Paulo sediou a segunda edição do Congresso de Estatística – CONE 2018. O evento foi organizado pela Brasil Produções, com apoio institucional do CONRE-3, e aconteceu no auditório do SAS, onde reunirem-se alunos, professores, profissionais da estatística e de outras áreas interessadas de diversas regiões do país.

Composto por palestras, debates e mesas redondas, o objetivo foi atuar na difusão dos avanços e da importância da estatística nas diversas áreas do conhecimento.

Estiveram reunidos diretores e gerentes das empresas do segmento, pesquisadores, técnicos, consultores, professores, estudantes e demais interessados de diversas regiões do país. Entre eles, Léssio Nunes, presidente do CONRE-6, e Eulina Silva Santos presidente do CONRE-5.

No dia 08 de junho, sexta-feira, os participantes contaram com o Workshop de R, ministrado por Julio Trecenti, Presidente do CONRE-3 e Daniel Falbel, sócio de Julio na Curso R. Durante sua apresentação, Julio falou sobre deep learning, big data e avanços na estatística. Destacou o “statistical learning, que segundo ele, é o termo que resume os avanços dos últimos 20 anos.

Na sequência, Falbel trouxe uma série de exemplos e aplicações práticas, além de dicas de livros e páginas para pesquisas posteriores. Para ele, o deep learning é importante porque pode entrar em áreas novas com a visão computacional, além de conhecer novas técnicas para aplicação em problemas já conhecidos.

No dia 09, a palestra de abertura foi proferida por Dóris Fontes, vice-presidente do CONRE-3. Com o tema: Panorama atual do mercado e da formação de Estatísticos no Brasil", Dóris fez revelações interessantes sobre as muitas vagas, os atraentes salários e os poucos formados que não conseguem acompanhar a demanda (Censo do Inep apontou 364 formandos em 2016). Segundo ela, o Statjobs, página mantida pelo CONRE-3 no Brasil, divulga cerca de 300 vagas anualmente. Destas, uma em cada 6 a 8 vagas são preenchidas por estatísticos.

Dados abertos

O painel 1, que discutiu dados abertos, teve início com Julio Trecenti, presidente do CONRE-3 e moderador do painel. Ele explicou sobre a Jurimetria, área da estatística que auxilia profissionais do Direito na tomada de decisões. Foi possível entender o que é e como o trabalho é realizado.

Na sequência foi a vez de George Santiago. O profissional apresentou o que são dados abertos e como eles são importantes para maximizar a transparência e diminuir a corrupção. Como exemplo, citou o trabalho feito no Observatório Social de Santo Antônio de Jesus.

O professor Alexandre Leichsenring foi o segundo convidado. O docente falou sobre o estudo que desenvolveu a partir de dados abertos que geraram informação sobre os desertos alimentares na região metropolitana de São Paulo.

Estatística e computação

O segundo painel, mediado por Adriana Silva, do SAS, abordou a ligação da estatística com a computação. O programa contou com a participação de Athos Damiani, cientista de dados do Itaú, Bruno Leme, cientista de dados do grupo Recovery, e Felipe Salvatore, doutorando do IME/USP.

Os profissionais debateram a ausência da disciplina de computação no bacharelado de Estatística e a importância procurar por atualização.

“Tive que ir atrás da informação. Ninguém sai completo em apenas quatro anos de graduação. É preciso buscar conhecimento porque o mundo muda o tempo todo”, ensina Damiani.

Questionado sobre a dominação da tecnologia no futuro, Salvatore acredita que “as máquinas ajudam, podem auxiliar em tarefas mecânicas e operacionais, mas a complexidade sempre vai precisar de um humano para resolvê-las”.

Bruno lembrou que o principal problema do estatístico é a falta de conhecimento em linguagem de programação, a visão de negócios e a facilidade de comunicação para trabalhar em equipe. (Confira quadro com dicas de cursos abaixo).

“Sabemos que as mudanças estão aí e o mercado tem cobrado conhecimento dos estatísticos. Quem não se aprimorar, ficará defasado”, lembra Adriana.

Estatística para quem não é estatístico: como ensinar?

A parte da tarde reservou o debate acerca do tema “Melhorias para o ensino de estatística em disciplinas de serviço”. Com a mediação da Professora Ângela Paes, estiveram presentes os professores Alexandre Silva, da Unirio, no Rio de Janeiro, Edson Martinez, da USP Ribeirão Preto, e Miriam Salomão, da ESPM. Todos ministram aulas para alunos de outros cursos de graduação.

Alexandre Silva flou sobre a importância do uso de metodologias ativas. Martinez acredita que o ensino de estatística poderia ser oferecido a partir do terceiro ou quarto ano de graduação, já que durante o primeiro, como a maioria dos cursos, os alunos não possuem, ainda, contato com a pesquisa. Por isso, não entendem o valor e sua necessidade.

Miriam destaca a importância de aproximar a estatística da necessidade real de seu grupo. Só depois aplica ao marketing e, por fim, apresenta

os conceitos.

As questões sobre empreendedorismo foram apresentadas em uma palestra interessante proferida por Alonso Soler, sócio administrador da J2DA Treinamento e Consultoria. O encerramento foi feito por Marcelo Fernandes, gerente de Ciência Analítica da FICO e conselheiro do CONRE-3

O que dizem os participantes

“Sempre participei de eventos acadêmicos. Estar aqui está sendo uma ótima experiência para conhecer, também, o mercado profissional”, conta Matheus Camelo, aluno da Universidade Federal Fluminense (UFF), que escolheu atuar na área acadêmica.

“É bom saber que a estatística é ampla e que podemos ajudar em todas as áreas. Saber disso sempre me faz perguntar até onde podemos chegar? Ela nos apresenta infinitas possibilidades”, revela Gabrielle Fernandes, também da UFF.

"Minha formação é em Engenharia. Além do evento ter sido muito rico em informações, fui bem recebido pelos estatísticos. Programação e convidados bem interessantes", conta Danilo Sarti, que veio de Campinas, São Paulo.

É para você?

Caso você tenha se interessado pela Estatística, o CONRE-3 apresenta uma lista de locais para estudar. O curso tem forte embasamento em cálculos e análises. A dica dos estudantes é ter disposição.

“É preciso ter disposição para estudar. O curso pode parecer pesado no início e você pode se sentir perdido. Mas depois, nas aplicações práticas, a gente entende que a base era necessária para as análises. Não desistam!”, alertam Raphael Paes, Matheus Camelo, Ana Andrade e Gabrielle Fernandes, alunos da UFF.

O Cone 2018 foi organizado pela Brasil Produções em parceria institucional com o CONRE-3.

Depoimentos

Julio Trecenti – Presidente o CONRE-3: O CONE 2018 foi uma experiência muito satisfatória. As minhas atividades preferidas foram o painel sobre dados abertos e a mesa sobre aprendizado estatístico. No painel de dados abertos, ficou clara a importância e necessidade de mais estatísticos dedicados à faxina de dados, isto é, pessoas especializadas em armazenar, organizar e limpar dados em grande escala, geralmente provenientes de repositórios públicos. Na mesa sobre machine learning, conseguimos concluir que nenhum curso de graduação é perfeito, seja ele de estatística ou ciência da computação, e que tão importante quanto ter aulas interessantes é correr atrás de novos conceitos e questionar tudo o que o mercado impõe como tendência.

Doris S M Fontes – Vice Presidente do CONRE-3: Gostei muito dos painéis e acredito que todos os tópicos abordados foram discutidos de forma relevante, trazendo informações importantes para os atuais e futuros estatísticos. Em Dados Abertos ficou clara a importância de viabilizar, de forma mais simples, o acesso aos dados já abertos, assim como compartilhar resultados oriundos de análises desse tipo de informação. Aprendizado Estatístico, hoje, depende muito da familiaridade que o profissional tem com computação e estatística, no entanto, os três debatedores mostraram com clareza as deficiências de cada formação: um bacharel em estatística, um cientista da computação e um cientista social. Sobre Educação Estatística, os três professores deixaram muito clara a necessidade de se introduzir tecnologia e permitir que os alunos de fato tenham dinamismo nas aulas. A palestra sobre Empreendedorismo e Startups mostrou quão grande é a área para estatísticos. No encerramanto, o nosso conselheiro Marcelo Fernandes abordou a grande deficiência que ainda existe entre os usuários de grandes bancos de dados e como ainda precisamos melhorar na formação desses profissionais.

Nathália Demétrio Vasconcelos Moura – Conselheira do CONRE-3: Gostei demais de participar do CONE: palestras interessantes, debates pertinentes, network com profissionais incríveis, além de um coffee break maravilhoso! Tive a oportunidade de ter dimensão das possibilidades e desafios dos dados abertos, entender a tragetória de data scientists conceituados no mercado, presenciar a fascinação de todo um auditório diante de uma aula incrível sobre como dar aula! Isso sem citar temas como empreendedorismos, desafios atuais, mercado de trabalho. Espero que o CONE continue com essa abordagem multidiciplinar que tornou o evento tão rico, sem dúvida um congresso para ser mantido no radar!