Visão analítica pode garantir a qualidade de um produto

A estatística é a ciência que permite a criação de estratégias de negócio baseadas em dados. Na era do grande volume de informação e do conhecimento, os métodos estatísticos tornaram-se fundamentais na coleta, organização e análise dos dados utilizados na tomada de decisão. Por isso, é fundamental que os gestores estejam preparados para essa nova realidade se quiserem manter a competitividade.

Para os consumidores, contar com empresas que prezam pelas análises estatísticas é ter a garantia de adquirir um produto de qualidade.

Muito além da pesquisa de mercado, nas áreas farmacêutica, química e de cosméticos, a estatística é ferramenta importante, pois está inserida em vários contextos.

 

Andrew: estatística ajuda a garantir a qualidade dos medicamentos

“Quando voltamos à história farmacêutica, lembramos do alquimista em um processo artesanal. É um período difícil de ser sustentado hoje. Com a tecnologia e com a estatística, é possível verificar o comportamento do produto, não apenas quando acaba de ser produzido, mas em todo o seu processo e depois que ele sai da indústria. É preciso, por exemplo, garantir que suas propriedades estejam seguras no período do prazo de validade, com o efeito desejado ao paciente”, explica o Estatístico Andrew da Costa, que atua no setor de novos produtos na União Química Nacional.

O trabalho do estatístico neste setor (novos produtos) tem sido procurado pelas empresas, já que é preciso atender às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. O órgão, vinculado ao Ministério da Saúde, atua no controle sanitário de diversos produtos, como medicamentos, alimentos e cosméticos; serviços e fiscalização.

Em sua rotina, Costa trabalha no desenvolvimento de métodos analíticos que garantam a confiabilidade das análises de controle de qualidade. Também auxilia no setor farmacotécnico, passando pelo conhecimento de todo o processo produtivo antes e durante a produção de um medicamento.

“Os métodos analíticos em escala industrial conseguem fazer com que o gestor veja como as variações em parâmetros de processos podem afetar as características de qualidade de um produto”, diz.

Entre outras áreas de produção da indústria farmacêutica, por exemplo, está a validação de processo. É ela que garante a mesma qualidade de produção ao longo de um ano. É nessa análise que são identificados os pontos considerados fora do comportamento geral esperado. O estatístico consegue perceber o que acontece e indicar para onde os gestores devem olhar.

 

Tendências

Atualmente, a demanda é alta em garantia da qualidade. Esse estatístico trabalha com relatórios anuais, validação de processos e pesquisa. É importante não apenas saber o que acontece durante o processo, mas também desenvolver novos processos produtivos que inibam problemas futuros. “Os estatísticos que estão ou desejam estar nesta área têm um trabalho muito importante de aproximar as ferramentas utilizadas aos gestores e mostrar que elas agregam valor na tomada de decisão”, explica Costa.

Isso significa não apenas analisar os dados, mas entender o que são esses dados, como eles são obtidos. Depois, é preciso contextualizar os resultados e conversar com os gestores de maneira clara.

Outro cenário promissor é o de ciência de dados. É o trabalho com grandes bancos de dados com a ajuda da tecnologia.  Mas o segredo do sucesso não é só trabalhar com grande volume de dados, é saber aplicar a ferramenta correta e dar sentido a eles.

Letícia: transformar dados em informação é o que agregará valor para a empresa

“Na época atual onde o dado é o novo petróleo, a tecnologia tem sido um habilitador. O tipo e tamanho dos dados não são mais impeditivos para o processamento e transformar esse dado em informação é o que agregará para a empresa”, alerta Letícia Yumi, formada em Estatística, gerente de analytics em uma empresa de cosméticos.

Segundo Letícia, é perceptível como as empresas valorizam e necessitam de pessoas com visão analítica. São esses profissionais que podem produzir os resultados da empresa (utilizando estatística básica), atuar em pesquisa/pilotos (testes estatísticos e técnicas de amostragem), desenvolver estudos para direcionar a estratégia e criar modelos que ajudam na predição.

E, para finalizar, a estatística em pesquisa clínica é outro ramo importante, principalmente agora e com grande significado para o mercado farmacêutico e para a população, pois os medicamentos de referência em uso hoje são resultados de pesquisa clínica validados com a ajuda da estatística.

 

Perfil desejado

O profissional precisa evoluir assim como o desenvolvimento do mercado, o que significa estar sempre atualizado, seja por meio de leitura de material relevante ou de cursos específicos.

“Curiosidade, boa comunicação e olhar crítico devem mover o estatístico que deseja trabalhar nesta área. Por mais que tenhamos conhecimento das ferramentas, não podemos aplicá-las fora de um contexto. É preciso curiosidade para conhecer todo o ciclo de vida do produto, como ele foi desenvolvido, e olhar crítico para indicar ferramentas específicas que trabalham um certo tipo de dado. E a boa comunicação fará com que o profissional possa atender diversas áreas da empresa, como garantia da qualidade, controle de qualidade, pesquisa e desenvolvimento”, garante Costa.

Neste sentido, Letícia aposta nas habilidades do estatístico como um diferencial para o mercado e sociedade. Para ela, não basta apenas contar com a tecnologia.

“O profissional de hoje tem como desafio fazer o que a máquina não faz, porque é fácil apertar um botão, mas entender se a técnica é aplicável para seu problema, diferenciar variável resposta da explicativa, criar a lógica de programação, ler e contextualizar o resultado da forma correta, conectar com o negócio, ah, para isso ainda precisamos de um humano e é aí que o estatístico mostra-se fundamental!”, finaliza Letícia.

 

Estatística nas áreas química, farmacêutica e de cosméticos geram ganhos para indústria e consumidores